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Secção que aborda temáticas relativas à Psicologia de Desporto (#PsiD)

 

A intervenção do treinador de Futebol na preparação da equipa para a competição

 

 

  • Instrução  na preleção de preparação para competição (PPC):
           Comparação entre a preleção de preparação e a competição

 

 

A preleção de preparação para a competição (PPC) é um momento fundamental na comunicação estabelecida entre o treinador e os jogadores. Na concepção organizacional do jogo de futebol, segundo Castelo, este momento de intervenção do treinador constitui uma etapa fundamental na eficácia da planificação estratégica, porque encerra a preparação especial realizada durante o microciclo, com vista à obtenção da melhor performance em jogo. Citando Lima, "estamos perante uma revisão da matéria para a realização de um exame público com vista à obtenção da nota máxima".

Nesta preleção existe um momento de reflexão teórica, onde o objetivo do treinador passa por preparar a equipa mentalmente para o jogo, acionando o plano tático para o jogo (plano de jogo ou plano tático-estratégico), refletindo assim a estratégia montada no microciclo semanal. Segundo, Mahlo e Castelo, a estratrégia é concebida pelo treinador em função da próxima competição e, em função da equipa adversária.

No estudo realizado por Pacheco, verificou-se que os treinadores de futebol incidem a sua instrução fundamentalmente na dominante tático-estratégica (60,2%), seguindo-se outras dominantes do rendimento desportivo (20,1%), da dominante psciológica (16,8%) e, por último, com muitas poucas unidades de informação, a dominante técnica (2,9%). Importante referir, que os treinadores não apresentam qualquer informação relativa à dominante física. Quanto à dominante psicológica, os treinadores centraram-se nas questões de superação e empenho, seguidas da auto-confiança e da concentração. O autor verificou que era maioritariamente prescritiva (56,4%) e descritiva (18,6%). Verificou ainda que os treinadores dirigem preferencialmente a informação para toda a equipa (61,8%) e para jogador individual (33%).

IImporta ainda referir que se verificou, uma grande semelhança entre treinadores da 1ª Liga e da 2ª Divisão B, relativamente à importância que atribuíram na dominante tático-estratégica. No entanto, observou que os primeiros dão maior importância à dominante técnica e às outras dominantes do rendimento desportivo. Segundo Pacheco, a diferença verificada na importânica dada às características da equipa adversária, com um valor de 15,9% para os treinadores da 1ª Liga e 3,8% para os da 2ª divisão B. Pacheco refere ainda que os treinadores da 2ª Liga atribuem uma menor importânica à PPC, visto que apresentam menos unidades de informação e mensobre a equipa adversária, instruem com menos conteúdos específicos relativos à performance e mais do foro pscilógico, utilizando mais informações negativas e menos informação individual em detrimento da equipa.

​Dirigir uma equipa necessita das medidas decididas e tomadas pelo treinador, com o objetivo de elevar ao máximo o rendimento da mesma, controlando e aconselhando os jogadores durante o treino e a competição. Segundo Petit & Durny, o treinador comunica para orientar e conduzir o atleta à correta execução daquilo que foi previamente trabalhado e estabelecido durante o período de preparação, pois o jogador, frequentemente, não consegue cumprir tais objetivos, tendo esta informação um conteúdo tático-estratégico de forma a melhorar o processo cognitivo do jogador. Por outro lado, o treinador também é fundamental na transmissão de apelos motivacionais, tentando ajudar os seus jogadores a ultrapassar as dificuldades que vão ocorrendo durante o jogo. Para Moreno, o treinador de desportos coletivos, durante a competição, tem as seguintes possibilidades de intervir:

  1. Intervenção direta no ritmo da competição, através da solicitação de descontos de tempo ou através da realização de substituições, de acordo com o regulamento da própria modalidade desportiva (no caso do futebol, o treinador não pode solicitar descontos de tempo);

  2. Transmissão de informação aos jogadores durante o decorrer do jogo, ou nos momentos de parada do mesmo, respeitando o regulamento da competição relativamente à conduta do treinador.

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Segundo Castelo, Mesquita e Hotz, este é um momento onde o treinador deverá reunir-se com a equipa durante breves minutos, utilizando uma locução forte, reforçando e ajustando as ideias chaves que orientam todo o plano tático-estratégico da equipa, informando algumas alterações que possam ter sido percepcionadas na disposição tática do adversário, relembrando os ideais e a Filosofia da equipa e do clube, e colocando os jogadores num nível psicológico ideal, antes destes se dirigirem para o terreno de jogo.

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Fonte: Crispim-Santos A, Rodrigues JJF (2008). Análise da instrução do treinador de futebol. Comparação entre a preleção de preparação e a competição. In https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=2934934

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  • Intervenção psicológica com atletas

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No ano de 2004, Buceta, conceptualizou a intervenção psicológica direta e indireta do Psicólogo e do Treinador sobre o funcionamento psicológico do Atleta.

Esta conceptualização parece, de fato, muito representativa daquilo que acontece no contexto profissional, uma vez que, quando a relação profissional é saudável, há uma intervenção permanente etre o Psicólogo e o Treinador, e este estabelece uma relação com o atleta, contribuindo para o ajuste e desenvolvimento dos aspetos flexíveis do seu funcionamento psicológico. Paralelamente, o Treinador age sobre o contexto onde todos os agentes desportivos estão envolvidos, de forma a prevenir e regular aspetos que possam influenciar negativamente o funcionamento psicológico dos futebolistas e potenciar aqueles que o possam favorecer. Deste modo, o psicológo desenvolve o seu trabalho com o atleta em todos os parâmetros do seu funcionamento mental.

A hierarquização do treino de competências psicológicas dispõe as competências facilitadoras (competências interpessoais, gestão de estilo de vida), competências básicas (relaxamento, visualização mental, formulação de objetivos, controlo do pensamento) e competências avançadas (autoconfiança, motivação, ativação, stress e ansiedade, concentração, lidar com a adversidade). 

Os problemas apresentados pelos atletas prejudicam indiretamente o seu rendimento desportivo, começam com aspetos relacionados com a gestão da sua vida, como por exemplo, contratos, patrocínios, fim ou início de carreira, vida familiar, treinadores, dirigentes, empresários, entre outros agentes desportivos.

Já os "clássicos" casos de ansiedade de atletas campeões de treino que falham nos momentos decisivos e/ou competições chaves, relacionam-se com questões de  empenho reduzido entre outras razões, por má definição de objetivos, problemas de autoconfiança...

Porém, como solução este autor defende um modelo, ou seja passar a ser peça fundamental em treinos e competições, devidamente equipados, podendo intervir nos momentos em que os atletas precisam efetivamente de ajuda.

No que respeita ao trabalho do pscicólogo com o Treinador, este trabalho objetiva nas caraterísticas de um "Treinador Forte" (Controlo Emocional, Compromisso Emocional, Comunicação, Preocupação com os outros, Auto-conhecimento).

O auto-conhecimento permite saber qual irá ser a reação aos mais diversos estímulos que os mais diversos contextos irão apresentar. Se a par desta caraterística tiver uma genuína preocupação com os atletas e com todos os membros do staff, então terá toda a equipa na mão e preparada para o estabelecimento de um compromisso emocional onde se definam valores, objetivos e regras para que o coletivo funcione da melhor forma possível. Para isso é utilizada as competências comunicacionais na relação que um Treinador estabelece com as respetivas equipas de atletas, técnicos e clínicos. 

~Finalmente, talvez, a caraterística mais decisiva na alta competição: capacidade de um Treinador se controlar emocionalmente. 

A par de tudo isto, o Psicológo pode e deve apoiar o Treinador noutro tipo de tarefas, como por exemplo, ajudá-lo a compreender os comportamentos e emoções dos atletas a partir daquilo que é observável, ajudar a interpretar as causas dos acontecimentos, ajudar na operacionalização dos comportamentos que se pretendem avaliar para depois modificar, entre  outros. A ideia global é, como sempre ajudar.

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Fonte: Almeida, P. (2004). A intervenção psicológica no futebol: reflexos de uma experiencia com uma equipa da liga portuguesa de futebol profissional In http://revistas.um.es/cpd/article/download/112531/106771

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